Quando comparada a outras capitais brasileiras, Maceió é uma das menores. No entanto, tem problemas iguais aos das grandes metrópoles. Um deles – e talvez o que a população mais sente no dia-a-dia e mais colabora para redução da qualidade de vida – é o do transporte público.
A capital alagoana tem uma média de 534 passageiros por cada ônibus. Segundo dados da Transpal (Associação dos Transportadores de Passageiros do Estado de Alagoas), cerca de 350 mil pessoas – o que equivale a 27% da população da cidade – são transportadas diariamente pelo sistema de transporte público de passageiros de Maceió, que é composto por apenas 655 ônibus.
Se considerarmos o mesmo percentual de pessoas que viajam de ônibus no maior bairro da cidade, o Benedito Bentes, a média é a mesma: 534 passageiros por cada veículo. Nesse bairro, existem cerca de 200 mil pessoas. Portanto, 27% equivalem a 54 mil moradores. A frota que atende ao bairro, também segundo a Transpal, é de 101 veículos.
Vale lembrar que, em 2011, antes da entrega dos conjuntos do Minha Casa, Minha Vida aos seus moradores, no bairro Benedito Bentes, também conforme dados da Transpal enviados ao Blog, a frota que atendia à região era de 90 veículos, passando atualmente para 101 – um incremento de 11 ônibus.
Apenas em uma das transversais da avenida Cachoeira do Meirim, onde existem quatro residenciais, a estimativa é de 7.600 novos moradores. Se 27% deles precisam de ônibus, já são 2.052 novos passageiros. Para que esses 2.052 novos pagantes viajem sentados, sem haver superlotação, seriam necessários mais 41 veículos (isso se considerarmos que todos sairiam de casa ao mesmo tempo). Sinceramente, acredito que no Benedito Bentes a média da população que anda de ônibus é maior que 27%, ou seja, lá são mais de 534 pessoas por cada veículo.
Por outro lado, se considerarmos que a população viajante de ônibus em Maceió sai de casa em dois horários preferenciais – começo da manhã e da tarde – a média cai para 267 pessoas por cada ônibus. Ainda assim, vale lembrar: cada veículo só leva cerca de 50 pessoas sentadas. As demais viajam em pé, como o Blog já mostrou aqui em outra postagem.
Fazendo mais uma comparação, temos o seguinte: 350 mil pessoas em toda a capital saem de casa em dois horários, sendo 175 mil por vez. Para que todas viajem sentadas, seriam necessários, portanto, 3.500 ônibus – e não apenas 655, como ocorre atualmente. Se isso acontecesse algum dia, no entanto, por quais ruas esses ônibus iriam circular?
Nem tudo é negativo
Nem tudo que envolve o transporte público em Maceió é negativo. Do total de 655 ônibus que compõem a frota da capital, 433 estão adaptados para cadeirantes, colaborando, assim, para o exercício da cidadania. A faixa azul, em vigor desde este mês de março, reduziu o tempo de viagem pelas avenidas Durval de Góes Monteiro e Fernandes Lima de 50 para 20 minutos. De acordo com a Transpal, dos 30% da frota que passam diariamente na avenida Fernandes Lima, 60% possuem câmeras na frente dos ônibus para ajudar a fiscalizar a manutenção dos coletivos na faixa exclusiva. Até abril, mais 20 ônibus serão adaptados com a colocação de câmeras. Elas deverão ajudar, inclusive, a identificar e punir motoristas que fizerem uso indevido da faixa.
Ainda conforme a Transpal, para oferecer mais comodidade não somente aos usuários, como também aos profissionais que operam o sistema, uma parceria com a Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito de Maceió tem levado motoristas de ônibus das empresas às salas de aula para uma espécie de reciclagem. O curso para motoristas, cobradores e fiscais de transporte é uma das iniciativas propostas pela SMTT em parceria com a Transpal. Cerca de 100 profissionais são atendidos semanalmente desde o início do ano durante aulas ministradas pelo corpo docente do Serviço Social de Aprendizagem ao Transporte (SEST/SENAT). O objetivo é alcançar os 3.000 profissionais que atualmente já exercem a função na capital.
Devido à superlotação, alguns ônibus "queimam" os pontos em horários de pico |