sábado, 14 de junho de 2014

Monteirópolis completa 54 anos de emancipação sem maternidade, sem Ensino Médio e com 43% de analfabetismo

O município de Monteirópolis, encravado no Sertão alagoano, completa 54 anos de Emancipação Política neste domingo, 15 de junho, e a data, mais uma vez, leva os moradores a refletir sobre as conquistas que ainda não foram obtidas em mais de meio século de existência como cidade autônoma e independente, com gestores eleitos pela vontade da população local.

Terra de gente ordeira, trabalhadora e que nutre fé pelo padroeiro São Sebastião, Monteirópolis ainda não tem maternidade e, por isso, é cada vez mais difícil encontrar pela cidade quem realmente tenha nascido lá. A quase totalidade das pessoas que têm menos de 40 anos de idade não nasceu na cidade. São, portanto, “forasteiras” em seu Registro de Nascimento – esta situação já foi mostrada aqui pelo Blog.

Os monteiropolitanos de nascimento têm, portanto, mais de 40 e principalmente mais de 50 anos de idade e nasceram em casa, pelo auxílio das parteiras.

Não que isso seja bom nem ruim para a cidade (ser formada por pessoas que não nasceram lá). É apenas algo curioso e que demonstra a indiferença de autoridades nos três níveis de poder – municipal, estadual e federal – para a situação do município. Por que, em mais de meio século, o município ainda não possui uma maternidade?

Educação

Outra situação incomum e que exemplifica o descaso: a cidade não dispõe de Ensino Médio – salvo uma pequena iniciativa também já mostrada aqui no Blog. Os jovens que desejam concluir o antigo segundo grau, em sua maioria, se deslocam até Olho D’Água das Flores.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2010 o município tinha 6.935 habitantes, a maioria deles vivendo na zona rural. Também segundo o IBGE, 43,8% da população com 15 anos ou mais de idade são analfabetos.

Segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP/MEC), a Taxa de Distorção Idade-Série, ou seja, o percentual de jovens que estão numa série, mas que, pela idade, deveriam estar em outra, foi de 47,2% no Ensino Fundamental.

Desenvolvimento

Ainda de acordo com o IBGE, o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) de Monteirópolis em 2010 foi de 0,539, o que é considerado baixo. Com esse número, o município ficou atrás de Batalha (0,594), Jacaré dos Homens (0,583), Minador do Negrão (0,563) e Palestina (0,558). O IDHM leva em conta três componentes: expectativa de vida ao nascer, educação e renda per capita.

Já de acordo com o Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal, que foi divulgado este ano e é referente aos dados de 2011, Monteirópolis teve pontuação de 0,4185, o que é considerado uma pontuação regular.
Com isso, ficou na 94˚ colocação, do total de 102 municípios do Estado. Já no ranking nacional, que inclui 5.564 municípios, ficou em 5.325˚ lugar. Mesmo assim, Monteirópolis ficou atrás de Poço das Trincheiras (88˚ colocado no ranking estadual), Senador Rui Palmeira (84˚), Olivença (79˚) e Roteiro (78˚).

O Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal é um estudo do Sistema FIRJAN que acompanha anualmente o desenvolvimento socioeconômico de todos os mais de 5 mil municípios brasileiros em três áreas de atuação: Emprego e Renda, Educação e Saúde.

Emprego e renda

Para quem vive em Monteirópolis, as principais fontes de emprego e renda são: a agricultura e pecuária, os empregos na área pública municipal, o comércio, as aposentadorias e os programas de transferência de renda, que geram a chamada economia sem produção. No setor primário, a distribuição de renda é limitada pela concentração latifundiária, ou seja, cerca de 10 proprietários rurais são donos da maior parte das terras.

Segundo o Portal da Transparência, do governo federal, 1.321 pessoas de Monteirópolis receberam repasses do Programa Bolsa Família em 2014. Fazendo a média de 4 pessoas por cada família incluída no programa, foram 5.284 habitantes beneficiados, de alguma forma, pelo programa. Só lembrando que o município tem menos de 7 mil habitantes.

Talvez devido a toda essa situação, e considerando também o IDHM do IBGE e o Índice Firjan de Desenvolvimento, centenas de moradores, principalmente jovens, trocaram Monteirópolis por cidades do interior de Santa Catarina, num movimento migratório que já dura quase 10 anos.

De qualquer forma, a data da Emancipação Política serve para refletir e para celebrar, inclusive com festa. Por isso, algumas bandas se apresentarão na cidade na noite deste domingo.

Vale lembrar que, em fevereiro, para o Festival do Umbu do povoado Sobradinho, na zona rural do município, foram investidos R$ 25 mil nas atrações artísticas – como o Blog mostrou aqui. Vamos aguardar a publicação do extrato no Diário Oficial do Estado para saber quanto foi investido nas atrações artísticas deste dia 15.
Entrada da cidade de Monteirópolis

Um comentário:

  1. Sem Falar que 90% dos jovens já sairão da cidade em busca de trabalho, em busca de uma vida melhor que infelizmente a cidade de MONTEIRÓPOLIS não oferece!
    Tenho pena desse povo sofrido...

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