domingo, 16 de fevereiro de 2014

Concurso não resolve carência de professores em Alagoas. Descubra por quê.

O concurso para professores de diversas áreas realizado pelo governo do Estado, em janeiro, não vai resolver a carência de profissionais nas escolas. É que para algumas dessas áreas o número de candidatos inscritos não chegou nem a se igualar ao número de vagas ofertadas. Em outros casos, a quantidade de candidatos aprovados foi menor do que as vagas disponíveis. Resultado: a carência deve continuar. Para supri-la, a contratação e manutenção de monitores ainda será uma alternativa.
Para se ter uma ideia, foram ofertadas 408 vagas para professor de Matemática, mas só houve 141 aprovados, em todas as 15 Coordenadorias Regionais de Educação (CREs). Já para professor de Artes, houve a segunda maior oferta de vagas: 189. Neste caso, foram apenas 102 aprovados.
Esses números nos levam a imaginar: quanto maior a oferta de vagas, maior a carência – que já existe há um bom tempo. Pelo que me lembro, o último concurso para professores realizado pelo governo do Estado ocorreu em 2005. De lá para cá, houve várias aposentadorias e concessões de licenças aos profissionais que delas precisaram. Em alguns casos, foram selecionados monitores. Em outros, os alunos ficaram sem aquela disciplina o ano inteiro (já ouvi diversos relatos de alunos prejudicados dessa forma).
Vale lembrar, ainda, que entre todos os candidatos aprovados, tanto em Matemática, Artes, Letras e outras áreas, alguns não concluíram o curso, ou seja, estão correndo para finalizar e entregar o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), pagar disciplinas obrigatórias e eletivas e até concluir um ou mais períodos da graduação. Recorrerão à Justiça, evidentemente, mas nem todos serão beneficiados da mesma forma e, ao final, o número de aprovados que tomarão posse no cargo vai ser reduzido ainda mais.
Agora eu pergunto: ao longo desses nove anos desde a realização do último concurso, o que aconteceu com os profissionais formados nas faculdades alagoanas? Estão todos estabelecidos no mercado de trabalho e, por isso, não se inscreveram neste concurso? A remuneração ofertada não foi atrativa, é verdade: R$1.224,07 para 20 horas semanais. Mesmo assim, chama a atenção quando, em outras situações, salários bem menores atraem uma multidão de inscritos. Deve-se levar em conta, por outro lado, que Matemática e Artes são áreas bastante específicas, com poucos formandos por ano. Alguns deles, após a colação de grau, permanecem na universidade como bolsistas em Mestrado e Doutorado. Outros, diante da falta de perspectiva em Alagoas, partem para fora do Estado.
Lá na ponta do processo, os alunos, que precisam do conhecimento para sua formação, para a vida e para o futuro, são os grandes prejudicados.
Vagas ofertadas para algumas áreas não foram preenchidas (foto: Google)

2 comentários:

  1. é, mas do que verdadeira esta colocacão sua, tem muitos universitários que se formam, mas já são funcionários públicos e por isso fica essa carencia sempre...

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  2. E o pior: a UNEAL, que deveria estar formando mais e mais professores, corre risco de fechar seus cursos por falta de investimentos. Isso tudo significa que vamos continuar com educação de baixa qualidade. Isso é muito sério...

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